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CINEMA EM CASA - Por que o cinema nacional ainda é desprezado?

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CINEMA EM CASA

Por que desprezamos tanto o cinema nacional?

PARTE I

Reportagem Vanusa Thomaz

Cinema Nacional

Em agosto de 2004, o cinema brasileiro ganhava um marco na história, com a estreia do longa “Olga” produzido pela Nexus e GloboFilmes. o Longa retrata a vida de Olga Benário Prestes (1908 - 1942). Foi dirigido por Jayme Monjardim, tendo em seus papéis principais os atores: Camila Morgado, dando vida a personagem título e Caco Ciocler como Luís Carlos Prestes. Contando ainda, com a actuação de Fernanda Montenegro, como D. Leocádia Prestes, mãe de Luís Carlos. Um pouco antes, em junho daquele mesmo ano, a história do cantor e compositor Cazuza ganhava vida nas telas do cinema nacional.Olga desbancou Cazuza levando ao cinema em sua semana de estreia 385.968 pessoas, enquanto a história Interpretada por Daniel de Oliveira, dando vida ao músico morto em 1990, em sua semana de lançamento alcançou o número de 294.194 vendido. A crítica internacional incrível pontou sobre o longa Olga como, a trilha sonora ser previsível. Recebeu crítica da própria filha de Olga, Anita Leocádia Prestes disse não gostar do trágico final do filme e pelo fato do cineasta não ter trabalhado questões políticas e históricas e se apegou em retratar um romance, uma historia de amor. (VIZIN; FERREIRA; FEGADOLLI; DIETRICH, 2018)

Após 2004 muito se produziu nas telas do cinema nacional. Assistimos dramas, suspenses e comédias, que atualmente, é um gênero muito apreciado do público; As comédias estão atingindo como maiores bilhões dentro das produções nacionais, como foi o caso de “Minha Mãe é uma Peça” lançado em 2013, totalizando 4.600.145 espectadores, e voltando ao sucesso em 2017 com “Minha Mãe é uma peça 2”, sendo o filme mais visto nesse mesmo ano. Arrecadou em torno de R $ 118 milhões, desbancou sem muitos esforços do filme religioso, que também estreiou nos cinemas em 2017 “Os Dez Mandamentos.” O filme religioso cravou bilheteria em R $ 11.146,00 milhões. Diante desse cenário retratado positivamente, uma pergunta surge:

Por que o cinema no Brasil, ainda não é apreciado como o Deveria? Por que ainda temos “preconceito” com os filmes nacionais? Essa desvalorização é típica apenas dos brasileiros?

O cinema é um assunto cultural e amplo. Países como França no Bloco Europeu, e Peru na américa latina enfrentam dificuldades semelhantes ao cinema brasileiro: Como levar o público ao cinema em estreias nacionais? Por que o cinema americano ainda esmaga com suas produções milionárias as demais nações?

EUROPA

O cinema nasceu na França pelas mãos dos irmãos Lumiérè. Grandes produções francesas sempre presentes nas premiações do Oscar. Em 1975, o filme “La Nuit Américaine - A Noite Americana” levou a estatueta de melhor filme estrangeiro; “La Môme - Piaf - Um Hino ao Amor” duas estatuetas em 2007, como melhor e melhor atriz pela atuação e caracterização esplêndidas de Marion Cotillard. Em 2012, o cinema francês fez bonito novamente e dominou a noite da 84ª premiação do Oscar levando como estatuetas de melhor filme com “O Artista - O Artista” e melhor ator com o protagonista do filme vencedor da noite, Jean Dujardin, melhor diretor Michel Hazanivicous, best trilha sonora original, and best figurino.Este filme inovou trazendo o cinema mudo para uma barulhenta Hollywood do século 21. Com um histórico tão atraente como o cinema francês é de se duvidar que o público por lá deixem de ir aos cinemas prestigiar uma produção nacional, não é mesmo? Vamos saber se bem assim….

“Estive no cinema ano passado pela última vez assistindo uma produção nacional que se chama Demain (2015). '' Diz a Professora Francesa Johanna Vieira de Abreu de 34 anos, reside em La Ferté Sous Jouarre.

Johanna é professora de música em uma escola do governo e sempre se sente muita cansada. Ao chegar em casa, a alega que precisa corrigir trabalhos dos alunos e montar a aula para o dia seguinte. Como dá aula para faixas etárias diferentes, sempre ter algo criativo em mente para prender a atenção das crianças na escola. Esse é um dos motivos que a faz ir pouco ao cinema. Outro motivo que não leva tanto a professora ao cinema é que o cinema francês peca em querer ser original demais em suas produções e acabam deixando os filmes sem sentido. Ela não é apenas críticas negativas não, revelação seu amor por um dos atores mais renomados na frança:

"François Cluzet é o melhor ator francês. Acho que ele transmite muita emoção, parece mesmo verdadeiro o que está representado na tela”

Segundo a professora, o filme “Intouchables - Os Intocáveis ​​- 2011 '' que Cluzet contracenou com Omar Sy é de despertar muitas emoções em que assistiu.

Johanna ainda cita que, apreciadores dos filmes dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano. Pergunta se já apreciou o cinema brasileiro diz que não. Esteve no Brasil em julho e agosto de 2013, depois retornou ao país ficando mais dois meses em agosto e setembro de 2015, mas não passou pelos cinemas do país. Termina a entrevista dizendo que um filme que marcou sua infância e de seus primeiros alunos, foi “Rasta Rockett -Jamaica Abaixo de Zero” lançado em 1993. Nessa filme, um grupo de jamaicanos lutam por uma competição no gelo. Tendo que superar desafios, como o desprezo por todos os demais participantes da competição. A garra e o bum humor do grupo jamaicano está na memória da professora francesa.

"O melhor é sempre inventado, o cinema pode captar a alma e o mundo a partir do momento que tem um ponto de vista" (Padre Henry Vendrines, especialista em cinema Alternativo pela Diocese de Avigon, onde atualmente reside)

O Padre Henry Vedrines, 61 anos, atualmente reside em Entraigues-sur-la-Sorgue e exerce seu ministério sacerdotal na Diocese de Avignon (localizada no centro leste da França). Foi nesta diocese que o padre Vedrines adquiriu sua formação em Teologia, Filosofia e também se especializou em Cinema Alternativo. O sacerdote relata que esteve no cinema assistindo a longa “Praça Pública” no último 20 de abril. Aprecia o cinema francês, pois, em sua visão há mais liberdade nas filmagens, na construção dos personagens e em seus diálogos. Ainda sobre o cinema francês, ele diz:

“A França faz cinema com verdade e audácia”

Para Vedrines, Gerard Depardieu, Mathieu Amalric, Isabelle Huppert, Sandrine Kiberlan e Emmanuelle Devos, são seus atores prediletos, porque possuem facilidade de serem autonômos (autênticos) em seus personagens, sendo menos “imprevisíveis” que os demais profissionais aos olhos. Entre seus diretores prediletos estão: Pialt, Desplechin, Triffaut, Resnais e Techine. Já sobre o cinema americano o especialista se detém aos trabalhos de Steven Spielberg. E vê uma discrepância entre os investimentos que há no cinema americano e no francês. Mesmo que o governo investa no cinema francês, segundo o sacerdote, não se compara aos investimentos que Hollywood recebe.

Torceu para que a produção brasileira Aquarius, interpretada por Sônia Braga ganhasse a palma de ouro em 2016 em Cannes. A história do filme foi dirigida pelo brasileiro Kleber Mendonça Filho.


"O melhor é sempre inventado, o cinema pode captar a alma e o mundo a partir do momento que tem um ponto de vista, o tema pouco importa, pois, quem de fato conta é uma pessoa, hoje em dia existem menos produtores nos cinemas, e mais vendedores, graças à Deus na França o sistema cultural é empenhado em ajudar as produções menores. ”(Padre Henry Vendrines)


AMÉRICA LATINA

PERU

"Os filmes peruanos são alegres, mas tem conteúdo com duplo sentido. Já os filmes americanos são sangrentos e tem muita morte." (Pilar Monsalve Villanueva é Auxiliar de Educação na cidade de Taraporto no Peru.)

Ainda sobre o cinema peruano,

"Em minha opinião acredito que os peruanos investigados mais o cinema nacional, mas, para isso acontecer é preciso que os diretores realizem um melhor trabalho, que satisfaça as necessidades do espectador." (Juan Carlos Gallardo Pinedo, Engenheiro de Sistemas em Moyobamba no Peru.)

***

BRASIL

VISÃO TÉCNICA

“Recentemente o cinema nacional melhorou muito em técnicas questões. Acredito que ainda deixa arestas a serem aparadas na direção, ator e roteiro. No roteiro, sinto que falta um detalhamento do processo, não quesito de desenhar uma história, fazer o argumento, roteiro técnico, repensar os planos, etc. ”

A fala anterior é do cineasta e gestor cultural David Ribeiro.

Em relação ao cinema americano, temos vistos nos últimos tempos adaptações de livros em obras cinematográficas, e como bilheterias mundiais tem lucrado cada vez mais com essas adaptações. Questionado sobre esse tema, o cineasta diz,

https://lh4.googleusercontent.com/hFg44obKO3pczYz7IUHuSOe8xsLl7hNBl3E3JH8HsP0I7GltwTlSXLqtAC5Y1pACKsrV6mLZFHffpzstwQnuBlnjKpwdh2ZW3_fqdsoFsTmtNldTb6tH4iTRjGFOphhfLPi_YK6h

(David Ribeiro, 37 anos, é Cineasta e Gestor Cultural na cidade de São João da Boa Vista)

“O Brasil está perdendo uma grande chance de adaptação de livros, em relação à série 'Vagalume.' Poderiam pensar em adaptar todo ano um clássico desta série infanto-juvenil que já passou pelo imaginário de muitas pessoas, podendo lançar um filme a cada início ou final de ano. Já adaptaram o Escaravelho do Diabo, há uns dois anos, mas numa versão sofrível, sem o menor tato. Como disse anteriormente, falta direção e roteiro nos filmes.

SENTIDO DO CINEMA E SUA TRANSCENDÊNCIA.


O cinema é uma arte que nasceu no século passado e se firmou em nosso século, encontrou na tecnologia sua ascensão, e mesmo para quem não é cinéfilo oferece oportunidade de lazer ou de aprofundamento em algum tema específico. Emprega milhões de pessoas em todo o mundo, desperta interesse em empresários, muitos querem seu monopólio, porém a importância que ele tem em qualquer sociedade é justamente uma possibilidade de contar suas histórias através de adaptações, invenções e audácia e assim permitidas que cada um o julgue como bem prover. Cinema é mais que diversão: É possibilidade de enxergar o mundo com grau de sofisticação em cada produção particular! Sempre será uma arte em desenvolvimento, uma peça chave para que ele exista é a vida humana e suas particularidades, vida longa a sétima arte. Nas palavras da Psicológa Camila Pimentel de Menezes, o cinema vai além de audio, vídeo, figurino, fotografia, etc.

"O Inconsciente é uma instância psíquica que, por si só, não interpreta conteúdos, ele os recebe e não diferencia o real da fantasia. Realizar um trabalho de reflexão sobre o cinema, os filmes assistidos é importantíssimo desde a mais tenra idade. Com isso podemos propiciar a conscientização e elaboração pelo consciente do que foi assistido. Um conselho que sempre dou, é importante os pais cuidarem do que assistem na frente dos filhos - ainda que pequenos - por que não dá para ter certeza do que absorvem e do impacto futuro disso.

Boa sessão ...


FONTES COMPLEMENTARES:

http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,olga-supera-cazuza-em-bilheteria,20040824p3914

https://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/22/cultura/1461314533_666406.html

FONTES IMAGENS:

Hollywood;

https://www.google.com.br/search?q=hollywood&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiZvdL0-fbaAhWFjJAKHfFbB3EQ_AUICygC&biw=1366&bih=613#imgrc=Mw7Q5NsHc :